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Água virtual: a água que você não vê, mas consome nos alimentos

Água virtual: a água que você não vê, mas consome nos alimentos

O Brasil é o grande manancial do mundo: possui 12% de toda a água doce e 20% das águas subterrâneas do planeta. Isso cria uma falsa premissa de termos água de boa qualidade e sempre disponível. Segundo levantamento da Organização das Nações Unidas (ONU), uma pessoa consegue atender suas necessidades básicas com 110 litros de água por dia. Porém, no Brasil, o consumo médio é de cerca de 200 litros. 

Banhos de 5 minutos; fechar a torneira ao escovar os dentes; limpar a calçada com vassoura e não com mangueira. Essas são algumas ações que sempre pensamos quando o assunto é poupar água. Embora seja importante que nós, em nossas casas, procuremos evitar o consumo exagerado de água, o uso doméstico não é o principal responsável por esse elevado consumo. 

Em tempos de escassez de recursos hídricos, sempre esquecemos de algo ainda mais preocupante: o consumo de "água virtual", aquela embutida em diversos processos de produção, em especial, de commodities agrícolas para exportação, como a soja. 

 

É óbvio que para cultivar alimentos é preciso de água, certo? 

Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), a agricultura em larga escala é o setor responsável por consumir a maior quantidade de água no mundo. Sozinha, a atividade responde, em média, por 69% das retiradas de água em âmbito mundial. 

O cálculo é bastante complexo, mas nessa conta entra o consumo direto e indireto de água em toda a cadeia de produção, assim como as características específicas de cada região produtora, além das características ambientais e tecnológicas. Por dia, uma pessoa consome de 2 mil a 5 mil litros de “água virtual” na forma de alimentos. 

Em um país como o Brasil, megaprodutor de commodities agrícolas, junto com os contêineres abarrotados de carne bovina, soja, milho, açúcar, café, entre outros produtos agrícolas que deixam os portos rumo ao mercado internacional, todos os anos, "saem" toneladas de água, que foram usadas para a produção desses alimentos. 

 "Ao exportar esses produtos, o Brasil está, também, exportando água", ressalta o pesquisador Ricardo Ojima, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). 

Segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) compilados com base na metodologia da pegada hídrica, a agropecuária faz com que o país exporte indiretamente cerca de 112 trilhões de litros de água doce por ano – o equivalente a 45 milhões de piscinas olímpicas. Os números colocam o Brasil entre os 4 maiores exportadores de água virtual do mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, Índia e China.  

É um número bastante preocupante, pois essa água não vai embora em garrafas ou galões. Ela vai incorporada em produtos que circulam no mercado internacional, como as commodities agrícolas, cujo valor ultrapassa cálculos estritamente econômicos. 

 

Mas por que pensar nisso? 

O consumo de água doce aumentou 6 vezes no último século e continua a avançar a uma taxa de 1% ao ano, fruto do crescimento populacional, do desenvolvimento econômico e das alterações nos padrões de consumo. Sua qualidade diminuiu exponencialmente e o estresse hídrico já afeta mais de 2 bilhões de pessoas. 

De acordo com a ONU, é provável que, em 2030, a população mundial necessite de 40% a mais de água para manter uma boa qualidade de vida. Além disso, a Organização destaca que crianças menores de 5 anos de idade são mais vulneráveis a doenças causadas pelo consumo de água imprópria e a falta de saneamento básico, que podem levá-las a óbito. 

Frente ao cenário complexo e obscuro que se aproxima, compreender a relação entre a água e os padrões de produção e consumo de alimentos é um caminho, no mínimo, inteligente e saudável de mitigar riscos e, quem sabe, reduzir nossa pegada no mundo.

Deste modo, precisamos repensar nossas escolhas de consumo, revisar nossa alimentação e optar, sempre que possível, por produtos ou alimentos que minimizem o uso desse recurso natural. 

  

Referências: 

EXAME. A água invisível que "comemos" todo dia sem saber (e seus problemas). Disponível em: https://exame.com/economia/a-agua-invisivel-que-comemos-todo-dia-sem-saber-e-seus-problemas/.  

MEKONNEN, M. M.; HOEKSTRA, A.Y. The green, blue and grey water footprint of farm animals and animal products. Main Report, v.1. 2010. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/254859487_The_green_blue_and_grey_water_footprint_of_farm_animals_and_animal_products.  

PORTAL SAÚDE AMANHÃ. Água virtual: o consumo que você não vê. Disponível em: https://saudeamanha.fiocruz.br/agua-virtual-o-consumo-que-voce-nao-ve/#.YjSNfOrMJPY.  

UNESCO. The United Nations World Water Development Report 2021: valuing water: facts and figures. Disponível em: https://www.unwater.org/publications/un-world-water-development-report-2021/

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