Consumo Consciente: Descubra a verdade sobre os custos de ser sustentável.
Você, em algum momento, já deve ter se perguntado o porquê daquele produto mais sustentável ou por ser feito com matéria-prima mais ecológica ser mais caro que outros produtos não sustentáveis.
Aliás, quanto vale o que é feito com matéria-prima sustentável, comércio justo e numa cadeia produtiva que gera renda a mais famílias? E quanto deveria custar um item que polui e destrói a natureza?
Segundo a pesquisa 'Vida Saudável e Sustentável 2021' do Instituto Akatu em parceria com a GlobeScan, 86% dos brasileiros desejam reduzir seu impacto individual no meio ambiente. No entanto, uma das principais barreiras para colocar isso em prática, conforme a pesquisa, é a crença de que um estilo de vida mais sustentável pesa no bolso. Mais da metade dos brasileiros ouvidos consideram muito caro viver uma vida saudável e mais sustentável.
Mas afinal, levar um estilo de vida mais sustentável é realmente mais caro?
Claro que não! Isso só acontece porque não são contabilizados no preço do produto os impactos socioambientais negativos da cadeia produtiva como desmatamento, degradação do solo, emissões de CO2 e metano, poluição causada pelas embalagens de seus produtos pós-consumo. Ao contrário, reduz custos de produção, recebe inúmeros subsídios do governo, maior facilidade de acesso a crédito, etc. Assim, essa conta envolve fatores muito diversos para além, por exemplo, do custo de fabricação de um produto.
Um exemplo é o setor da moda e a realidade por trás do fast fashion, das roupas baratas, entendendo que em algum lugar alguém sempre acaba pagando o preço. Aquela blusinha baratinha daquele site chinês ou aquelas das liquidações das grandes lojas de departamento que aparentam ser ótimas escolhas para aquisição, na maioria das vezes escondem por trás da etiqueta uma história que a maior parte dos consumidores desconhece.
O fast fashion esconde atrás dessa eficiência produtiva o barateamento da mão de obra através da terceirização ilícita, do trabalho infantil e do trabalho em condições análogas à escravidão. Além disso, questões como poluição hídrica e plástica, degradação do solo e problemas de saúde causados pelo manuseio e contato com inseticidas e pesticidas são alguns dos impactos negativos envolvidos.
Outro exemplo é a carne bovina. Imagina quanto custaria 1 kg de carne bovina se todos os impactos negativos dessa cadeia produtiva, como sua pegada hídrica de 15,5 mil litros de água e o desmatamento, fossem incluídos no custo do produtor e também no preço final ao consumidor. Seria, sem sombra de dúvidas, um dos produtos mais caros do mundo.
Desta forma, um produto mais sustentável ser mais caro é porque esse item incorpora em sua produção os custos decorrentes dos cuidados ambientais e sociais que promovem. É a conta que está por trás de toda a cadeia de produção e pode envolver, por exemplo, a opção por matéria-prima biodegradável e certificada, pagamentos mais justos a colaboradores, escolha de fornecedores locais e transporte que emita menos gases do efeito estufa.
Outro fator é a escalabilidade da produção em si. Alimentos orgânicos, por exemplo, representem apenas 1% dos alimentos produzidos no Brasil, o que tende a encarecer o preço unitário. Sem falar no custo da própria certificação, que exige que o produtor siga uma série de critérios socioambientais. A produção de alimentos orgânicos no Brasil ainda é tímida, frente ao potencial que possui. A boa notícia que a cada ano seu consumo aumenta 15%, conforme dados da dados da Organis, Associação de Promoção da Produção Orgânica e Sustentável.
Por isso, não é o produto sustentável que é caro, é o produto poluente que é barato demais, pois todo o impacto socioambiental não está incluído em seu preço. Um produto sustentável exige buscar fornecedores que consigam comprovar a origem de seus insumos e ter matérias-primas provenientes do manejo sustentável, remuneração justa para os colaboradores, baixo impacto ambiental durante sua cadeia de valores e logística reversa de pós-consumo e várias outras questões.
E você, o que acha disso? Que tipo de produto será que realmente é mais caro? Qual deles têm mais valor?