Economia Circular: como transformar resíduos em recursos
Mais de 100 bilhões de toneladas de recursos entram na economia todos os anos – de metais, minerais e combustíveis fósseis a matérias orgânicas de plantas e animais. E apenas 8,6% desse volume é reciclado e/ou reutilizado. O uso de recursos triplicou desde 1970 e pode dobrar novamente até 2050 se as coisas continuarem como estão.
O consumo desenfreado, em que muito se produz e pouco se renova, gera um grande acúmulo de resíduos e tem efeitos devastadores para os seres humanos, a vida selvagem e o planeta como um todo. Atualmente, precisamos de 1,74 planetas Terra para manter de forma sustentável nosso atual nível de uso de recursos. Isto é, consumimos 74% mais recursos naturais do que o planeta tem condições de regenerar em 1 ano. Isso é assustador!
Esses dados mostram a necessidade de se pensar em um desenvolvimento econômico pautado por novos modelos de produção e consumo, que gerem menos impactos negativos ao meio ambiente e à sociedade e, idealmente, que gerem impactos positivos.
Em um mundo em que se utiliza o modelo “tradicional” de economia, também chamado de linear, o processo de produção não contempla o que pode acontecer com o produto após o seu tempo de vida útil. O ciclo é fechado em apenas cinco etapas: Extração, Processamento, Transformação, Consumo e Descarte.
Baseada na inteligência da natureza, a Economia Circular é a resposta para esse processo produtivo linear onde a lógica é Fazer, Consumir e Descartar. É o caminho sustentável para diminuir o desperdício de materiais e não prejudicar o meio ambiente com resíduos.
A ideia da Economia Circular é baseada na inteligência do próprio planeta, no melhor estilo onde tudo é reaproveitado e nada se perde, apenas se transforma. Os resíduos produzidos são utilizados como insumos para produzir novos produtos, observando o ciclo da natureza. Assim, evita-se o desperdício de matérias-primas e o aumento no descarte de resíduos que, muitas vezes, são prejudiciais ao meio ambiente.
Imagine se peças de um automóvel mais antigo pudessem ser reprocessadas e integradas à cadeia de produção como componentes para a fabricação de outro automóvel ou até de outro equipamento eletrônico.
Essa é a proposta da Economia Circular. Atuar desde o design, escolha de materiais e concepção dos bens de consumo, fazendo com que eles sejam projetados para durar mais, serem mais resistentes e facilmente adaptáveis para outras situações. Além de serem projetados para serem facilmente processados e reciclados.
O objetivo é acabar com o conceito de lixo, considerando cada material dentro de um fluxo cíclico. Desta forma, o destino final dos produtos é pensado no design de produtos e sistemas, não sendo mais apenas uma questão de gerenciamento de resíduos.
Isso permite que as empresas tenham vantagens competitivas importantes: redução de custos, uso eficiente de energia, redução de emissões de CO2, e cadeias de suprimentos mais otimizadas e seguras.
Mas, para que esse modelo circular funcione corretamente é necessário pensar no produto desde a sua concepção e ressignificar o resíduo como matéria-prima. Ressignificando nossa forma de lidar com o "lixo" é ressignificar o como e o que consumimos.
O segredo é dar aos produtos uma segunda chance, uma nova vida, igual ou melhor do que era antes.
Vamos circular juntos!
Referências:
FUNDAÇÃO ELLEN MACARTHUR. Economia circular. Disponível em: https://archive.ellenmacarthurfoundation.org/pt/economia-circular/conceito.
FUNDAÇÃO INSTITUTO DE ADMINISTRAÇÃO. Economia circular: o que é, como funciona e exemplos. Disponível em: https://fia.com.br/blog/economia-circular/.
IDEIA CIRCULAR. O que é Economia Circular? Disponível em: https://www.ideiacircular.com/economia-circular/.