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O acordo histórico global no combate da poluição plástica

O acordo histórico global no combate da poluição plástica

Em suas mais variadas formas, atendendo às mais diferentes necessidades do nosso dia a dia, como utensílios domésticos, brinquedos, peças automotivas, calçados, embalagens, o plástico é um dos responsáveis pela revolução que vem transformando a maneira como vivemos. 

Desde 1950 a humanidade já produziu 8,3 bilhões de toneladas de plástico. Desse montante, cerca de 6,3 bilhões já foram descartadas. E se continuarmos nesse ritmo, pesquisadores apontam que em 2050 haverá mais de 12 bilhões de toneladas de resíduos plásticos. 

O grande problema é que a maioria dos plásticos produzidos não é biodegradável, assim os resíduos plásticos que estamos gerando nos acompanharão por séculos acarretando sérios impactos ambientais. Mas esses impactos começam bem antes, na extração de matérias-primas e no seu processo de produção, uma vez que, os plásticos são obtidos principalmente a partir do petróleo. 

O ecossistema marinho é o que mais sofre – estima-se que 11 milhões de toneladas de resíduos plásticos estão sendo descartados nos oceanos todos os anos. Sem ação imediata e sustentada, esse valor quase triplicará até 2040, para 29 milhões de toneladas por ano. É como se o mar recebesse 50 kg de plástico a cada metro de costa ao redor do mundo. 

 

O Pacto Global para redução do uso de plástico 

Os dados da poluição por plásticos são alarmantes e a necessidade de um documento internacional para frear esse importante fator do aquecimento global e da perda de biodiversidade é consenso já há alguns anos. O Compromisso Global da Nova Economia do Plástico da Fundação Ellen MacArthur/PNUMA foi o primeiro passo. Mais de 500 signatários – entre empresas, organizações, instituições e nações – se uniram em torno de uma visão comum de uma economia circular para plásticos. 

E foi nessa última semana (dia 02/03) que Chefes de Estado, Ministros e Ministras do Meio Ambiente e outros representantes de 175 nações aprovaram o Tratado Global do Plástico, um acordo histórico para combater a poluição plástica. A resolução estabelece uma ação global rápida, ambiciosa e significativa, abordando todo o ciclo de vida do plástico, ou seja, os impactos de sua produção, uso, descarte e reciclagem. 

O acordo ainda sugere a transição para uma economia circular, focando-se na preservação e valorização do capital natural e na minimização de desperdícios em sua cadeia de valor desde o estágio de: Design, Produção, Distribuição, Consumo e, Reparo/Reuso. A ideia da Economia Circular é estender ao máximo a circularidade de cada matéria-prima, até que ela não possa mais ser transformada, reutilizada ou reciclada. 

O relatório “Opções de política para eliminar lixo plástico marinho adicional” da ONU Meio Ambiente aponta que uma abordagem abrangente de economia circular poderia reduzir o volume de plásticos que entram em nossos oceanos em mais de 80% até 2040; reduzir a produção de plástico virgem em 55%; gerar uma economia de 70 bilhões de dólares para os governos entre 2021-2040; reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 25%; e gerar 700 mil novos empregos — principalmente no hemisfério sul. 

 

A busca por materiais alternativos e sustentáveis: Bioplástico e Plástico Verde 

Um ponto chave da economia circular é a busca por materiais alternativos e escalonáveis, que tenham uma vida útil mais duradoura, causem menos impacto e que possam ser reinseridos no ciclo, permitindo assim, a circularidade do material. Uma alternativa mais sustentável e que tem demonstrado ser promissora para o Brasil e o mundo são os bioplásticos, ou biopolímeros. 

Os bioplásticos são resinas plásticas feitas a partir de fontes renováveis e compostáveis, como resíduos da agroindústria (milho, mandioca, batata, etc.) ou ainda, derivadas de quitina extraída das carapaças de crustáceos e insetos, por exemplo. Essas resinas podem se transformar em embalagens multifuncionais, dispositivos biomédicos, materiais para isolamento termoacústico, cosméticos, etc. 

Há ainda o Plástico Verde, uma resina feita a partir de bagaço de cana-de-açúcar, que oferece resistência e durabilidade semelhantes ao plástico convencional. É 100% reciclável e contribui para a redução da emissão dos gases de efeito estufa na atmosfera, pois a cana-de-açúcar possui um processo natural que captura gás carbônico (CO²) durante a fotossíntese. 

Já mais escalonável, o plástico verde pode ser encontrado em embalagens dos setores de consumo como alimentos, bebidas, produtos de higiene e limpeza, além de brinquedos, lixeiras e sacolas plásticas. 

 

O que nós consumidores podemos fazer? 

O caminho é bastante longo para mudarmos essa cultura de consumo de plástico. O primeiro passo para reduzirmos nosso lixo plástico é praticar o consumo consciente, ou seja, repensar e reduzir o seu consumo. Já imaginou quantos plásticos supérfluos (muitos deles de uso único) utilizamos no nosso dia a dia e que poderiam ser evitados? 

E, quando não for possível evitar o consumo, a saída é optar pelo consumo mais sustentável possível e, sempre pensar em sua reutilização e/ou em sua reciclagem.  

 

Referências: 

ELLEN MACARTHUR FOUNDATION BRASIL. The Global Commitment 2021 Progress Report. Disponível em: < https://ellenmacarthurfoundation.org/global-commitment/overview>. 

ONU MEIO AMBIENTE. Dia histórico no combate à poluição plástica: nações se comprometem a desenvolver acordo juridicamente vinculante. Disponível em: < https://www.unep.org/pt-br/noticias-e-reportagens/comunicado-de-imprensa/dia-historico-no-combate-poluicao-plastica-nacoes-se>.  

ONU MEIO AMBIENTE. Entenda a nova resolução sobre poluição plástica da ONU. Disponível em: < https://www.unep.org/pt-br/noticias-e-reportagens/reportagem/entenda-nova-resolucao-sobre-poluicao-plastica-da-onu>.  

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