A facilidade é grande. Apenas com alguns cliques você recebe seu almoço, jantar ou lanche quentinho e no conforto do seu lar. Mas as consequências por trás disso é grande: aumento na produção de resíduos plásticos. 

Somente na pandemia, o consumo de plásticos descartáveis em pedidos de entrega de comida aumentou 46% de 2019 para 2021, um salto de 17,16 mil toneladas para 25,13 mil toneladas. Isso equivale ao um total de lixo plástico de 68 toneladas por dia ou 2,8 toneladas por hora.

Para se ter uma ideia, o Brasil é o quarto maior produtor de lixo plástico no mundo (atrás dos Estados Unidos, China e Índia), são 11,3 milhões de toneladas de plástico produzidas anualmente, mas apenas 1,28% disso é reciclado.

Já a produção nacional de plástico de uso único é de 2,95 milhões de toneladas por ano. A maioria esmagadora é de embalagens (87%) e o restante de itens descartáveis (13%), como copos e canudos. Se não diminuirmos nosso consumo de itens como embalagens, canudos, copos, pratos e talheres de plástico depois de um único uso, até 2050, os oceanos terão mais plásticos que peixes. 

Mas se engana quem pensa que o consumidor final não liga para essa questão. É cada vez maior o público que está se conscientizando sobre os impactos dos plásticos de uso único sobre o meio ambiente, os oceanos, além de trazer consequências negativas também para a atividade pesqueira e para o setor turístico. 

E esta preocupação se traduz em dados. Pesquisa realizada pelo Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec) e encomendada pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e pela ONG Oceana aponta que 72% dos consumidores querem de receber os pedidos sem plástico descartável. Além disso, 15% dos respondentes afirmam já terem deixado de solicitar o serviço por se sentirem incomodados pela quantidade de plásticos, como canudos e mexedores de bebidas, talheres e copos plásticos, sacolas plásticas e recipientes de isopor. 

A redução do uso de plástico, e consequentemente da produção de lixo, é um desafio fundamental e essa pressão do consumidor já surte efeito. 

Inúmeras empresas e iniciativas vêm realizando mudanças em sua cadeia e buscando alternativas e soluções para o uso do plástico como a adoção de embalagens compostáveis (como o próprio papel), biodegradáveis e biocompatíveis obtidos a partir de fontes renováveis agrícolas e resíduos agroindustriais ou reutilizáveis (como o vidro). 

Além disso, empresas estão estipulando metas de redução do uso do plástico, estimulando o uso de talheres de bioplástico e a adoção de transportes não poluentes – como bicicletas e veículos elétricos, como forma de minimizar seu impacto no meio ambiente quando realizam suas entregas. 

Buscar formas para reduzir o impacto ambiental do serviço de delivery já não é uma forma mais sustentável, é uma necessidade. Basta que essa consciência se multiplique entre as empresas e que os consumidores estejam cada vez mais exigentes quanto à sustentabilidade. O caminho ainda é longo, mas aos poucos, com muita consciência e cada um fazendo sua parte, as coisas se encaminham. Assim, todos ganham e nosso planeta agradece!